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O clima entre o Executivo e o Legislativo fica ainda mais tenso em Belo Horizonte. Após serem divulgadas, na sexta-feira (1º), denúncias de um suposto esquema de Caixa 2 na Prefeitura da capital para uma eventual campanha do prefeito Alexandre Kalil (PSD) ao governo de Minas em 2022, a PBH afirmou que o áudio do vereador Gabriel Azevedo (sem partido), com as denúncias, foi enviado aos advogados de Kalil, que vão pedir para que o parlamentar prove as denúncias na Justiça.
O impasse entre os poderes começou após o ex-chefe de gabinete de Alexandre Kalil relatar ter sofrido pressão por parte do secretário de Governo, Adalclever Lopes, que estaria à frente de um suposto esquema de Caixa 2 na Prefeitura de Belo Horizonte. O caso teria relação direta com a CPI da BH Trans, já que o financiamento para a campanha contaria com recursos de empresas de ônibus, alvo de investigação na comissão.
O presidente da CPI, vereador Gabriel Azevedo (sem partido), diz que conversou com o ex-chefe de gabinete de Kalil sobre as denúncias e que tudo teria acontecido porque os trabalhos da comissão estariam incomodando a prefeitura e as empresas.
“Estão tentando uma cortina de fumaça para encobrir as investigações da CPI da BHTrans, que começam a se aproximar do prefeito Alexandre Kalil e do secretário de governo Adalclever Lopes. O ex-chefe de gabinete do prefeito, Alberto Lage, que deixou de ser secretário-adjunto de governo e depois deixou a chefia de gabinete do prefeito, me disse que uma das razões que o fizeram sair do cargo foram as reiteradas menções de Adalclever Lopes a um Caixa 2 de campanha eleitoral financiado por empresários de ônibus. É muito lamentável que a Prefeitura de Belo Horizonte esteja tentando refrear o trabalho da CPI da BHTrans para proteger empresários de ônibus em troca de financiamento e campanha eleitoral por Caixa 2. E, claro, nao sou eu quem tem essas provas, quem tem é o Alberto lage”, disse Azevedo.
O próprio Alberto Lage, que deixou a chefia de gabinete de Kalil há pouco mais de um mês, confirma a pressão por parte de Adalclever. Segundo Lage, o prefeito teria sido alertado por ele sobre a ação do secretário de Governo e suas intenções para a campanha, mas Kalil não teria tomado providências.
“A reunião entrou dentro da minha sala sem hora marcada com pessoas que depois eu descobri que eram representantes do sindicato patronal das empresas de ônibus, o secretário Adalclever e o vereador Gabriel, isso me causou um incômodo extremo. No dia 6 de julho desse ano, o prefeito me ligou e eu manifestei a ele a minha preocupação, porque eu entendia que o senhor Adalclever estava usando a possibilidade de uma possível campanha de governador do Alexandre Kalil para arrecadar dinheiro. E a suspeita que eu passei para o prefeito, que eu não acreditei que o prefeito poderia estar nisso, era que o senhor Adalclever estava usando o dinheiro para si próprio ou para financiar uma possível campanha dele para deputado estadual. Essa foi a impressão que eu tive e que eu transmiti ao prefeito. Como o prefeito me respondeu na hora que isso não procedia, a nossa relação ficou insustentável. Mas eu acho que sim, o senhor Adalclever traz influências e pode acabar convencendo-o a atrair financiamento que ele não deveria para a campanha”, contou Lage.
Procurado pela Itatiaia, o prefeito Alexandre Kalil, se pronunciou sobre o caso por meio da assessoria de imprensa. Sobre as denúncias feitas por Alberto Lage, de reunião na prefeitura às supostas negociações de Caixa 2 para a campanha, Kalil alegou que não soube da reunião e que ficou sabendo do fato através do depoimento de Lage na CPI. O prefeito também se disse surpreso.
Kalil disse ainda que sempre teve uma boa relação com Lage, que ele saiu porque quis e que, quando pediu para deixar de trabalhar com Adalclever, não disse o que tinha acontecido e nem relatou denúncias de Caixa 2. Lage teria pontuado apenas que a saída se daria por motivos pessoais e escolheu ser chefe de gabinete. Kalil disse ainda que não acredita que isso tenha acontecido, mas que vai acompanhar o desenrolar dos acontecimentos e tomar as medidas que forem necessárias.
Sobre as denúncias feitas pelo vereador Gabriel Azevedo, de pressão na CPI da BH Trans, Kalil disse que isso não procede da parte dele e que não vai polemizar com o vereador. A nota acrescenta ainda que o áudio do vereador Gabriel Azevedo, com as denúncias, foi enviado aos advogados do prefeito Alexandre Kalil, que vão pedir para que o parlamentar prove as denúncias na Justiça.
Questionado sobre quais providências vai tomar a partir das denúncias que fez, Gabriel Azevedo informou que vai esperar o depoimento do secretário Adalclever Lopes na CPI para tomar as medidas cabíveis. Ele deve ser ouvido pelos vereadores no dia 13 de outubro.
Também procurado pela Itatiaia, o secretário de Governo de BH, Adalclever Lopes, informou, por meio de nota, que desconhece o teor da suposta declaração de Alberto Lage. Disse ainda que, para que não cometa nenhuma injustiça, após tomar conhecimento de seu conteúdo, vai se manifestar através das medidas legais cabíveis.
Itatiaia